Os problemas mais relevantes do Porto Cametaense, podemos resumir em: erosão, fechamento do porto e privatização.
Os ataques erosivos (quedas de barrancos, trapiches, cais...) sofridos desde os primórdios do primeiro porto em Cametá-Tapera, (Antiga Vila Viçosa de Santa Cruz dos Camutás) persistem até hoje em nosso porto e vem sendo combatidos desde os tempos de D. João VI até os tempos atuais, pelos nossos políticos, embalados pelo clamor de uma boa parte da população, principalmente, pelos que utilizam o porto como meio de sobrevivência, vivência, deslocamento, contemplação, reflexão espiritual, fonte de prazer e lazer.
A solução para este histórico problema, quase todos nós, hoje já temos a plena consciência, que é uma solução paliativa (momentânea, incompleta) que não mais move a fé popular em ter um porto recuperado, que ofereça condições mínimas de segurança para o trânsito, uso público e particular em seu espaço mais afetado pela erosão no seu lado norte.
Sabemos que a erosão é um fenômeno natural, irreversível (não tem cura, por tempo indeterminado existirá no decorrer do tempo geológico e será apenas amenizada, a muito longo prazo, com o assoreamento (secagem, acúmulo de areia, arvores...) do Rio Tocantins, que por sua vez, proporcionará o surgimento de mais praias e ilhas, menor velocidade nas correntezas do rio. Este fenômeno já está acontecendo e já traz resultados certamente mais danosos e devastadores para o povo que vive do rio e no rio, pois, o assoreamento também traz seus problemas para a navegação no rio e causa sérias dificuldades de procriação e sobrevivência das espécies fluviais, tais como, peixes, camarões e muitos outros seres aquáticos.
O outro problema do nosso porto é o seu acelerado processo de fechamento causado principalmente pela perda do lado norte do porto pela erosão. Com isso, aumenta a guerra por cada palmo de espaço portuário entre os comerciantes, ribeirinhos, feirantes, taxistas, motociclistas, ciclistas, pedestres e toda espécie de seres humanos cametaenses e não cametaenses que precisam se relacionar com o porto.
Chegamos ao índice absurdo e indignante de termos apenas 8% de espaço aberto no porto para o livre uso da população. Este é um dos maiores dos problemas sociais do porto, que vem atentando contra a segurança das pessoas, segregando as embarcações como um todo no pequeno espaço que resta para o escoramento (encosto, amarração), dos veículos náuticos agravando principalmente a atracação e agasalho dos pequenos barcos, canoas e rabetas.
O último dos problemas que tratamos aqui, é a crescente privatização do espaço portuário de Cametá. Nossos governantes, não tiveram a sensibilidade e o senso de responsabilidade para se preocupar em deixar maiores “janelas e portas” para o Rio Tocantins, no espaço não erodido. A cidade de Cametá, de seu lado norte, se esconde com medo por traz dos espaços erodidos e que continuam erodindo e, por outro lado, está acuada pelos aglomerados comerciais que necessitam e lutam por este espaço.
O povo tem muito pouco espaço seguro e confortável para contemplar o rio, trabalhar, conviver, fantasiar e sonhar com as belezas, cantos e encantos ainda presentes em nosso belíssimo Rio Tocantins.
Precisamos desenvolver políticas públicas para melhor gerenciar os espaços públicos que nos resta, ou quem sabe, comprar e resgatar maiores e melhores espaços no porto para não só devolver a sua beleza, mas aumentar a sua utilização segura e confortável como bem de todos os cametaenses e daqueles que nos visitam.
Flodoaldo Santos
Geógrafo e Escritor