quarta-feira, 12 de maio de 2021

A RESILIÊNCIA DO CORDEL BRASILEIRO

Por Francisco Martins 

Todos sabemos que o cordel brasileiro deve seu crescimento e estruturação  a Leandro Gomes de Barros (1865 - 1918).  Entretanto, é inegável dizer que bem antes dele já existiam folhetos de cordéis que eram lidos, a saber:

1) "Cantigas Oferecidas aos Moleques" (1824) - descoberto pelo pesquisador Victor Ramos, impresso em Paris.

2) "A Pedra do Reino" (1836) -  que o pesquisador Ariano Suassuna  atesta ter circulado pelo estado da Paraíba.

3) "Testamento que faz um macaco, especificando suas gentilezas, gaiatices, sagacidades, etc" (1865), impresso em Recife - autor desconhecido - descoberto pelo pesquisador Orígenes Lessa.

4) "O Imposto do Vintém" (1880) - de João de Sant'Ana de Maria, o Santaninha, poeta que foi descoberto por Sílvio Romero, mas que recebeu  indumentária lavada e bem passada pelos pesquisadores Arievaldo Vianna e Stélio Torquato, no livro: "Santaninha: um poeta popular na capital do Império".

Oba! Império. É essa palavra que eu estava buscando para poder trazer outra informação que achei importante.  Você sabia que o maior escritor da língua portuguesa brasileira, Machado de Assis, tomou conhecimento do cordel? Sim, é ele próprio quem vai nos dizer. É bem verdade que não há nenhuma citação de títulos e autor, mas Machado de Assis cita isso  numa crônica escrita em 1º de agosto de 1877.

Ah,  o cordel! Esta poesia resiliente que vem atravessando os anos, as crises, construindo sua história e com sua estrutura dizendo às gerações de ontem, hoje e amanhã:  eu sou forte!.

Mané Beradeiro

Parnamirim-RN, 11 de maio de 2021.

4 comentários:

  1. Parabéns, poeta e grande pesquisador. Informações valiosíssimas! (Gilberto Cardoso dos Santos)

    Responder
  2. Show de bola. Parabéns Martins, pela matéria.

    Responder

Nenhum comentário: