quinta-feira, 6 de março de 2014

BATEL

  •                BATEL
  • Miguelângelo
  •                Navego sem vela, sem vento.
  • A deriva num mar escuro
  • Fito num olhar o firmamento
  • Minha bússola eu procuro
  •  
  • Sei que em terra assente
  • Eu vou aportar meu batel
  • Saudade do amor presente
  • Esculpido em nuvens no céu
  •  
  • Faço miragens pra confortar
  • O vento sopra rumo noroeste
  • A proa quer na água adernar
  • A saudade meu corpo veste
  •  
  • Busco um brilho, algum som,
  • Seus arrecifes são obstáculos
  • O mar me chama pra Posseidon
  • Furtando tintas de seus tentáculos
  •  
  • Sentem os olhos entre abertos
  • Um feixe lá longe é brilhante
  • Os amores agora são libertos
  • Dessa nau se fazem tripulante
  •  
  • A lanterna gira o seu alcance
  • O bombordo se enche de regozijo
  • Lembranças de nosso romance
  • São tesouros de nosso esconderijo.
  •  
  • Meu leme aponta na enseada
  • Meu peito se enche de fortuna
  • A tarde é cena toda prateada
  • Um aceno me saúda na coluna
  •  
  • Braços e abraços, cheiro e calor!
  • Sossego do timoneiro no convés
  • Beijos no espírito de nosso amor
  • Chão firme sob intricados pés.


Nenhum comentário: